O V Congresso do Sindicato das(os) Servidoras(es) Públicas(os) Municipais de Teresina (V CONSERM) foi oficialmente iniciado na noite de ontem (02), reunindo a base da categoria que representa todos os setores, por meio de delegadas(os) eleitos nos locais de trabalho, observadoras(es) e convidados de diversas entidades do movimento sindical. O evento é a maior instância de decisões da entidade e está acontecendo no Atlantic City, no bairro São João até este domingo (04).
Na acolhida dos participantes, o grupo Reação do Gueto trouxe o cotidiano da periferia e do movimento negro nas letras de rap com mensagens de luta e resistência. A apresentação foi seguida de um vídeo com registros das principais ações do SINDSERM nos últimos dois anos.
Uma mesa de saudação foi composta por diversas correntes que compõem a base da categoria e também por convidadas(os). Estiveram como representantes: Francilene Nascimento (Ruptura Socialista/ direção do SINDSERM), Gervásio Santos (base SINDSERM/ PSTU), Antônio Dias (Associação dos Docentes da Uespi – ADCESP), Aline Oliveira (Sindicato dos Docentes do Instituto Federal do Piauí – SINDIFPI), Lourdes Melo (base SINDSERM/ PCO), Gibran Jordão (da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas) e Sinésio Soares (Ruptura Socialista/ presidente do SINDSERM).
As falas indicaram a necessidade da realização de um Congresso que vise à unidade da classe trabalhadora, pelo fortalecimento dos movimentos sociais e sindicais e por uma forte participação das bases das categorias para o enfrentamento ao atual momento político.
Conjuntura Nacional
Como convidado para uma exposição sobre Conjuntura Nacional, o V CONSERM recebeu Gibran Jordão. Ele é ex-presidente da coordenação geral da Federação de Sindicatos dos Trabalhadores em Universidades Brasileiras (Fasubra) e atualmente membro da Secretaria Executiva Nacional da Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas), com formação em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Gibran destacou aspectos do atual momento político do Brasil e os desafios impostos para as organizações de trabalhadoras(es) diante dos retrocessos apresentados e representados pela direita política nacional e internacional, ocasionando em reflexos para toda a classe. As questões que levaram a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) no Brasil, de acordo com Gibran, passam pela crise mundial, a eleição de Donald Trump nos EUA, os ataques do imperialismo e da investida do capital em ações que indicam mais exploração de nações como as da América Latina, incluindo o Brasil.
“O Brasil é a maior economia da América Latina e para controlar essa economia, os EUA investem em governos ‘amigos’ que possam ajudar no projeto de retomada do poder e dos interesses mundiais norte-americanos. Isso se conecta diretamente com a eleição de Jair Bolsonaro no Brasil. É um processo que não começou nas eleições, mas de maneira associada entre a burguesia mundial e brasileira por meio de medidas como a guerra ideológica, apoio da classe média e de setores conservadores, e a guerra comercial e tecnológica”, apontou Gibran.
Ele destacou como a esquerda brasileira tornou-se o alvo a ser combatido pela direita, por meio de um discurso de que esta e as organizações das(os) trabalhadoras(es), a exemplo de sindicatos, movimentos como MST e MTST, seriam os responsáveis pela corrupção e destruição do país. As notícias falsas e uso profissional das redes sociais foram colocados de maneira estratégica nas eleições. “Eles tiveram que fazer mais que uma disputa ideológica, mas também prender o líder das pesquisas e tirar o PT da jogada. Ao ganhar a classe média para a extrema direita e a direita clássica ter sido atingida pela operação lava-jato, eles foram consolidando o nome de Jair Bolsonaro, ganhando também parte da classe trabalhadora descontente”, disse.
Diante dos fatos, Gibran destacou que “para que possamos reverter esse processo, é preciso uma frente única e ampla, envolvendo centrais sindicais, ativistas, organizações de esquerda, dispostos a lutar sob a bandeira de pontos em comum para criar uma força capaz de reverter a correlação de forças e desmascarar Jair Bolsonaro. É um enorme desafio para os que lutam pelas liberdades democráticas no país”, conclui.
Após a exposição o espaço foi aberto para intervenções da plenária. Entre as visões sobre o tema, destacaram-se alguns entendimentos: a consolidação de um golpe que atingiu toda a classe trabalhadora e principalmente o Partido dos Trabalhadores(PT) com a prisão do ex-presidente Lula; a traição de classe do PT ao longo dos anos no Governo Federal e os erros que desmobilizaram a classe; as reformas e os ataques do governo Temer (MDB) como porta de entrada para a extrema direita; as opressões contra LGBTQIs, movimentos sociais, negras(os) e mulheres reforçadas no discurso de Bolsonaro; a consolidação de um golpe institucional no Brasil e a ascensão de políticas inspiradas no fascismo e nazismo.
Durante o Congresso, o tema de Conjuntura Nacional ainda será tratado nos Grupos de Discussão, nas resoluções e debatido na plenária final. Finalizando o primeiro dia de trabalhos no V CONSERM, o cantor Chico Moreno fez uma apresentação tocando Música Popular Brasileira (MPB).